quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

RESENHAS DE GERMANA COELHO DE S. MATOS SOBRE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM


TEORIAS SOBRE O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

GERMANA COELHO DA S. MATOS

O objetivo desta resenha é apresentar as diversas teorias à respeito da Aquisição da Linguagem infantil. Iremos de Skinner à Brunner, cada um com suas opiniões relacionadas ao processo de aprendizagem.
Logo no inicio de seu surgimento, a Aquisição da Linguagem estava ligada à psicologia e à Lingüística, por não ter objetivo e métodos próprios. Com o passar do tempo foi ganhando autonomia, através de questionamentos como: de que modo a criança aprende tão rapidamente a língua que dominará mais tarde? Hoje, a Aquisição da Linguagem é de interesse das ciências cognitivas e das teorias lingüísticas.
O Behaviorismo, com uma proposta empirista, acredita que a criança é uma tabula rasa, cujo conhecimento lingüístico só é adquirido através do estímulo-resposta (E-R) e da imitação, porem já que a mente não é fundamental para o processo de aquisição, então como explicar a criatividade infantil?
Já os Conexionistas, também com conhecimento empirista, incluem a criatividade e, portanto, o cérebro como parte integrante do processo de aprendizagem.
Com o surgimento do racionalismo, a mente passa a ser responsável pelo processo de aquisição e surge o Inatismo de Chomsky, que ao contrario do Behaviorismo de Skinner, acredita na capacidade nata do individuo, algo biologicamente determinada para que o homem nasça com a capacidade de falar; mas para que isso ocorra é necessário o contato com o meio e assim o inatismo seja estimulado.
Vygostsky serve de inspiração para o Interacionismo Social que propõe que a criança não seja apenas um aprendiz passivo, mas um sujeito que constrói seu conhecimento, onde o adulto e o contato com outras crianças têm papel fundamental. A mãe representa o principal contato da criança com o mundo e com a língua; a mãe fala e a criança interpreta e estabelece relações entre os significantes.

“(...) podemos dizer que o sociointeracionismo caracteriza-se pelo estudo do processo dialógico instaurado entre a mãe e a criança, no qual a primeira, sujeito construtivo da fala infantil, desempenha papel de mediadora entre a criança e os objetos.”
(DEL RÉ, Alessandra. 2006, p. 26)

Além de Vygostsky, Brunner também era adepto aos estudos relacionados à interação da criança com o meio social. Introduziu o papel das brincadeiras no processo de aprendizagem e de Aquisição da Linguagem.

“Para ele, as estruturas da ação e da atenção do homem se refletem nas estruturas lingüísticas e, à medida que a criança vai dominando gradualmente essas estruturas, a parte do processo de interpretação do qual o adulto participa, a linguagem vai sendo adquirida.”
(DEL RÉ, Alessandra. 2006, p. 23)

















BIBLIOGRAFIA

DEL RÉ, Alessandra. A pesquisa em aquisição da linguagem: teoria e pratica. In DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006.
ARGUMENTAÇÃO INFANTIL

GERMANA COELHO DA S. MATOS

Esta resenha tem por objetivo explicitar as diferentes abordagens relacionadas à argumentação infantil.
No modelo de Toulmin, temos a idéia de que a qualidade dos argumentos dependerá do contexto em que estes estão sendo produzidos; para se estabelecer a argumentação, é preciso, de antemão, apresentar um ponto de vista e a formação de uma justificativa.

“Caso a justificativa não se mostre de imediato aceitável, cabe ao argumentador promover novas informações que sirvam de apoio para a mesma.”
(LEITÃO, Selma e BANKS-LEITE, Luci. 2006, p. 47)

Pesquisas mostram que a criança só é capaz de argumentar, quando passa a entender o pensamento operacional-formal, por volta dos 10 ou 11 anos. Porém, outros resultados mostram crianças de 2 anos e meio que já são capazes de fazer justificações em situações naturais do cotidiano. Com 3 e 6 anos, alem de tomarem posições em determinados assuntos, também apresentam capacidade de refutar e discordar e acreditam que assim, possam ter um melhor resultado de argumentação.
Os trabalhos de alguns psicólogos da linguagem baseiam-se na abordagem teórico-metodológica de Bronckart, e consideram o discurso argumentativo como base para estudos aquisitivos.

“Bronckart considera os textos orais e escritos manifestações da atividade lingüística nos quais se encontram certas unidades a serem consideradas com traços de operações (...)”
(LEITÃO, Selma e BANKS-LEITE, Luci. 2006, p. 53)

Segundo essa linha de raciocínio, acredita-se também que com a idade há um aumento na capacidade de construção de um discurso ou de um texto, sendo assim, crianças pequenas, principalmente as que ainda não têm domínio sobre uma língua, não são capazes de argumentar.
Já no inicio da aquisição da linguagem, a criança apresenta indícios de argumentação através dos porque’s e dos morfemas então, senão... sendo assim, podemos considerar que a argumentação começa desde cedo e esta dentro da língua.

“Desde que a linguagem aparece, há argumentação.”
(LEITÃO, Selma e BANKS-LEITE, Luci. 2006, p. 57)



















BIBLIOGRAFIA

LEITÃO, Selma e BANKS-LEITE, Luci. Argumentação da linguagem infantil: algumas abordagens. In DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006. p. 45-61.

DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM ORAL E DA COMUNICAÇÃO
DAS CRIANÇAS

GERMANA COELHO DA S. MATOS

A autora Christiane Préneron, no capítulo que trata dos distúrbios da linguagem oral e da comunicação na criança, diz que a maioria das crianças desenvolve-se normalmente, e apenas 7% a 8% apresentam distúrbios na linguagem, porem esses distúrbios não devem ser encarados como uma deficiência irreversível e sim, como um desvio para alguma outra dimensão, que poderá ser tratado. Esse desvio, muitas vezes, poderá se caracterizar por um simples atraso na fala, sendo somente na fala, pois o entendimento e a compreensão apresentarão apenas algumas lacunas. Comumente, esses atrasos tendem a desaparecer no momento da entrada da criança na escola. Há também outros tipos de distúrbios não tão simples, como explica a autora:

“Em todos os outros casos (cerca de 1% das crianças), trata-se de distúrbios visivelmente mais importantes e, portanto, mais graves, que se caracterizam não somente por um atraso nas aquisições, mas, sobretudo, por desvios que são duradouros (...)” (p. 64)

O diagnóstico desse outros tipos de desvios não é muito fácil de ser feito, muitas vezes sendo associados a certos retardamentos mentais ou a certas perturbações psicoafetivas severas. Para melhor poder classificá-la, dividiremos em duas vertentes. A primeira será a vertente receptiva: déficit gnósico ou de compreensão. No déficit gnósico, a criança apresenta boa audição, porem não consegue decodificar as informações sonoras, não possui uma boa percepção. Já os déficits de compreensão são puramente lingüísticos e só pode ser evidenciado através de testes.
A segunda será a vertente expressiva, na qual encontramos os distúrbios da articulação ou dislalias em que a criança apresenta uma ma realização dos sons da linguagem; os distúrbios fonológicos, onde tem-se uma linguagem nos sons dos fonemas.

“(...) uma mesma consoante, por exemplo, o ‘ch’, será objeto de uma substituição e, para uma mesma criança, ‘chaise’ será pronunciada ‘saise’ ou ‘saije’, mas o ‘ch’ será produzido corretamente em ‘chat’ e ‘choux’ e as silabas ‘chai’ ou ‘cho’ serão repetidas também corretamente.” (p. 67)

Entre os distúrbios prosódicos (da prosódia), encontraremos os de fluência verbal, como é o caso do gaguejamento que, segundo Van Riper “é uma palavra que é mal organizada temporariamente, assim com a reação do locutor após a emissão dessa palavra”. Já Amina Bensalah, diz que o gaguejamento é o resultado de vários gaguejos. Um deles aparece conforme o crescimento e o desenvolvimento da criança, por motivos emocionais ou de grande desejo de se comunicar (4 a 6 anos). O outro seria derivado de traumatismos e lesões cerebrais. Os franceses acreditam que os gaguejos são mais freqüentes entre os meninos.
O mais freqüente de todos os distúrbios é a síndrome fonológico-sintática em que a criança produz enunciados de mais de uma oração e apresentam de maneira reduzida os morfemas gramaticais. A síndrome sintático-pragmática é a única em que a sintaxe é desestruturada; a criança apresenta uma linguagem limitada e não consegue responder a questões abertas.
Agora, vejamos a opinião de Chritophe Löic Gerard, sobre as disfasias:

“Não se trata somente de um déficit quantificável desta ou daquela dimensão ou linguageira, mas também um sofrimento que acompanha o individuo ao longo de sua vida e que se exprime diferentemente a cada idade.” (p.81)

Por isso, devemos não excluir a criança com distúrbios ou desvios, mas sim nos aprofundarmos no assunto, para ajudá-la no seu inserimento na sociedade com pessoas capazes.

BIBLIOGRAFIA

PRÉNERON, Christiane. Distúrbios da linguagem oral e da comunicação das crianças. In DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006. pp. 63-83.



GERMANA COELHO DA S. MATOS é aluna do Curso de Letras da UVA, em Sobral. Atividade docente sob a orientação do professor Vicente Martins.

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