quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

AS CARACTERÍSTICAS DA PRINCIPAIS TEORIAS DE AQUISIÇÃO DE LE


AS CARACTERÍSTICAS DA PRINCIPAIS TEORIAS DE AQUISIÇÃO DE LE


DANIELE PONTES
MARCIA REJANE
PATRICIA ANDRADE

Nesse caso, iremos abordar de forma breve a visão das principais teorias de aquisição da língua estrangeira.
Apesar de serem inúmeras as teorias sobre aquisição de línguas, nos deteremos apenas naquelas que mais se aproximam na realidade do processo que envolve aquisição de lê. Essa aquisição é tratada a seguir de teorias cognitivas interacionais, sociológicas, lingüística e também a partir da análise do discurso, das teorias de Krashen e também de Vygotsky.

PSICOLÍNGUISTICA VYGOTSKIANA

A teoria de Vygotsky baseia-se na interação e parte do princípio entre a relação pensamento e linguagem. Vygotsky afirma que o desenvolvimento da linguagem e do pensamento tem origens sociais.
Todo conhecimento é construído a partir da interação do ser humano nas relações com os outros e é a partir daí que se dá o termo sóciointeracionismo. Apesar dessa teoria não ter sido voltada para a aprendizagem de uma segunda língua, ela é de fundamental importância na compreensão do processo de aquisição em L2, suas idéias condizem com as teorias e pesquisas mais recentes em L2.
Como foi dito anteriormente, o homem é um ser social e sua relação com o meio externo se dá através de artefatos concretos ou simbólicos e estes artefatos são socialmente construídos afetando o pensamento humano. Os artefatos construídos mediam a interação do indivíduo com o mundo, e a língua é o objeto mediador. A L2 se realiza através de um processo colaborativo, o aprendiz se apropria da linguagem, Cria seus próprios métodos de aprender, constrói sua competência gramatical no mesmo ritmo em que ele faz uma troca com outros aprendizes ou pessoas que já dominam a língua através da interação. Esse tipo de troca comunicativa ajuda o aprendiz a pôr em prática, a exercitar aquilo que ele mesmo aprendeu sozinho. Sendo assim, uma pessoa não pode aprender uma língua isoladamente, é preciso que haja contato a fim de que eles desenvolvam o que absorveu e aprendeu por si mesmo.
Portanto, seguindo esta mesma linha de raciocínio, podemos dizer que a L2 se dá por meio de dois mecanismos: o primeiro por meio interpsicológico ou mental. Assim sendo, o aprendizado de uma língua estrangeira é uma atividade social, interação entre ambiente lingüístico e mecanismos internos do aprendiz.


TEORIA DO DISCURSO

A teoria do discurso baseia-se na negociação na significado, através do envolvimento do aprendiz na interação comunicativa. Segundo Ellis, essa teoria adere aos princípios de que o desenvolvimento das regras da sintaxe se dá naturalmente no decorrer do aprendizado de línguas, que os falantes nativos de uma determinada língua regulam seu discurso para negociar significado com aqueles que não são nativos, e que as estratégias de conversação usadas na negociação proporciona ao aprendiz adquirir inicialmente estruturas às quais ele se expõe com mais freqüência apropriando-se de “formulas”, que vão servir de base na construção de seus próprios enunciados, juntamente com a posse de partes do discurso do interlocutor.
Na formação discursiva podemos observar a relação da aprendizagem de língua estrangeira com a relação que mantemos com a língua de origem. Essa relação se dá inconscientemente, pois segundo Revuz, na fase inicial da aprendizagem de uma La a língua materna do aprendiz é evocada e solicitada. Para o aprendiz, formular um discurso em uma língua que não seja a de origem parece uma tarefa difícil. Por isso, os “insucessos” são constantes em vista do desafio de lidar com o estranho.
Na formação discursiva temos os seguintes níveis:nível intradiscursivo que diz respeito à dimensão do dizer, agora, antes e depois (Pêcheux, 1988), aqui concentram-se as estratégias do aprendiz. E o interdiscurso que refere-se à exterioridade da/na linguagem (Authier, 1995), papel do discurso do outro.
Ainda segundo as propostas de Revuz, no inicio da aprendizagem, o aprendiz usa estratégias, isso no nível imaginário do intradiscurso, que facilitam o seu modo de aprender e conseqüentemente, comunicar-se melhor. É comum aprendizes em fase inicial imitarem imediatamente sem se preocuparem em memorizar, repetiram frases já formuladas, dominarem vocabulário técnico sem que haja uma compreensão ou expressão desse vocabulário, enfim, utilizam inicialmente fórmulas não analisadas que revelam um ar mais técnico no modo como se comunicam, porém, isso garante à eles construírem outras sentenças ganhando ao longo do desenvolvimento a autonomia.
Diante disso, é importante a qualificação do professor na situação comunicativa, envolvendo o aluno em temas familiares à ele e que facilmente no decorrer do aprendizado vão sendo adquiridas, firmando esse aluno aprendiz como sujeito, da linguagem a fim de que seu discurso seja seguro.


TEORIA DOS UNIVERSAIS LINGUISTICOS

Essa teoria tem como proposta a existência de aspectos lingüísticos comuns a todas as línguas as quais possuem características genéticas e inatas no ser humano. Segundo é através desses aspectos comuns genéticos e inatos que ativado com a quantidade de input (insumo) do ambiente lingüístico que o aprendiz irá desenvolver tanto a sua língua de origem como uma segunda língua.
Para o ensino-aprendizagem de L2 é preciso ter noção de dois tipos de classificação: os aspectos gramaticais específicos da língua à qual se quer aprender (marcado) e os aspectos que são encontrados em todas as línguas (não marcados). Adentrar nos aspectos gramaticais de uma língua é uma tarefa árdua e mais dificultosa, por isso é preciso uma quantidade maior de insumo para quem está aprendendo, para que a aquisição ocorra (Castro, 1996).

MODELO DO MONITOR


O modelo do monitor é apresentado pelas idéias de Stephen Krashen. Iremos brevemente descrever os princípios de seu trabalho que tem como foco principal a aquisição de segunda língua por adultos.
A princípio, Krashen afirma que a L2 desenvolve-se de dois modos: através de um processo inconsciente e involuntário tendo foco na eficácia e nos conteúdos de comunicação, e o processo consciente e sistemático baseado no conhecimento e aplicação das regras. Aqui, ele faz uma distinção entre aquisição e aprendizagem. A aquisição se dá no nível do subconsciente, como, por exemplo, a necessidade de comunicação vital de um brasileiro que mora na Inglaterra; e a aprendizagem significa saber as regras, ter consciência delas, ou seja, implica em um esforço consciente.
Outro principio de Krashen é quanto a ordem natural, as regras da língua a qual se quer aprender possuem uma certa ordem de dificuldade. O aprendiz tende a assimilar a segunda língua à língua materna, porém, mesmo havendo semelhanças, a ordem de aquisição em L2 não é a mesma que da língua de origem. Em seguida, temos a hipótese do insumo que consiste no princípio de que o “input” do aprendiz deve situar-se um pouco além de cada estágio de seu desenvolvimento para benefício dele e que este input deve ser rico e compreensível.
Por último, temos a hipótese do filtro afetivo. As variáveis afetivas desempenham papel muito importante na aquisição de uma língua, elas podem facilitar ou dificultar o processo de aquisição. Como exemplo, tomemos a motivação que um aluno pode ter ao aprender uma língua. Geralmente, os alunos possuem um certo grau de motivação que os impulsionam a continuar aprendendo e essa motivação pode ter várias fontes como, por exemplo, no próprio ato de aprender em que o aluno se vê interessado e determinado a aprender, o entusiasmo em integrar-se à outra cultura, e o fato de estar aprendendo a comunicar-se com outras pessoas faz gerar a “motivação intrínseca”. Temos também os incentivos externos que geram também motivação, a ela chamamos de “motivação extrínseca”.
Outro fator afetivo é a ansiedade, que em doses exageradas, diminuem o interesse no aprendizado de línguas e outros fatores como obrigação, pressão e incompetência percebida que geram essa ansiedade e conseqüentemente diminui a motivação intrínseca.
TEORIA COGNITIVA

A teoria cognitiva, segundo Castro, vê o aprendizado de uma segunda língua como um processo mental. O processo de aquisição em L2 é controlado por parte do aprendiz que constrói seu conhecimento e o modo de conseguir esse conhecimento. Aqui, o aprendiz é instigado a utilizar suas habilidades bem como ter consciência de suas estratégias cognitivas.
Em vista do que foi dito, a visão geral das teorias de aquisição em L2 reflete-nos a importância do estudo da contribuição de cada uma na tentativa de melhor entender os processos de aquisição.
Fatores como afeto, emoção, motivação, identidade e auto-estima são fundamentais no processo de aquisição em L2, bem como os aspectos interativos, questões socioculturais e sociolingüísticos, além do controle que o aprendiz exerce na construção de seu conhecimento.
Não há como deter-se apenas em uma teoria e desconsiderar outra, todas independentemente do aspecto de investigação orientam os rumos nos estudos em aquisição de línguas, facilitando então, a compreensão de seu processo em aquisição.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

VENTURI, Maria Alice. Aquisição de língua estrangeira numa perspectiva de estudos aplicados. In DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: contexto, 2006. pp. 117-

DANIELE PONTES, MARCIA REJANE e PATRICIA ANDRADE são alunas do Curso de Letras. Texto sob a orientação do professor Vicente Martins.

“A PESQUISA EM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM: TEORIA E PRÁTICA”RESENHA:



“A PESQUISA EM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM: TEORIA E PRÁTICA” (resenha)
Maria Edileuda Araújo

O primeiro capítulo do livro Aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística de Alessandra Del Ré (organizadora) procura superar as dificuldades em se encontrar, na literatura portuguesa, estudos mais aprofundados sobre a aquisição da linguagem pela criança a partir de uma perspectiva lingüística. Embora tenham aumentado consideravelmente nas últimas décadas, os estudos sobre lingüística têm sido realizados e apresentados no campo da Psicologia. Com esse capítulo a autora pretende focar a Psicolingüística e a Aquisição da Linguagem a partir dos estudos lingüísticos, observando seus campos de atuação e discutindo as questões metodologias envolvidas, sendo bem sucedida nesse objetivo.
O capítulo é dividido em sete subitens, pretendendo-se, em um primeiro momento “submeter à consideração um breve percurso histórico, procurando situar a Psicolingüística e a Aquisição da Linguagem nos estudos lingüísticos, de modo a observar seus campos de atuação e discutir as questões metodológicas envolvidas” (p. 13) e em seguida ela fará uma abordagem das “teorias de Aquisição da Linguagem que deram origem aos estudos atuais” (p. 13) e só depois, de acordo com o que foi estudado, a apresentação de uma “pesquisa realizada com crianças pequenas (3-6 anos), cujos resultados trazem à tona questões ligadas à própria área, à Lingüística de um modo geral, e o âmbito educacional.” (p. 13)
Chama a atenção o cuidado com que a autora mostra em aplicar os conceitos e estudos da aquisição da linguagem sob uma óptica (psico)lingüística. Outro ponto bem interessante que, ao mesmo tempo em que envolve o leitor em uma leitura prazerosa e compreensiva, é a quantidade dos exemplos. Há uma grande preocupação da autora em fazer com que o leitor chegue ao assunto a partir de uma retrospectiva ou linha guia que o conduz aos estudos atuais sobre o tema debatido.
A leitura do capítulo sugere que para se compreender melhor os estudos a cerca do processo de aquisição da leitura é preciso compreender melhor como tais estudos chegaram a sua situação atual, fazendo-se uma retrospectiva histórica na tentativa de encaixar ou situar tais estudos a partir de uma visão (psico)lingüística. Quanto à metodologia teórica é clara a significância da postura teórica (dedutivo ou indutivo) para seu norteamento e a seleção dos dados. Acaba-se por perceber que a linguagem é usada pela criança de forma mais especial e diferente dos adultos. Também nos faz refletir sobre a diversidade e complementaridade de abordagens dos sons infantis e de aquisição da linguagem.
A autora acaba por concluir que a linguagem infantil pertence a um mundo extremamente rico e complexo e sua aquisição merece uma atenção muito especial. Também fica claro que as diferentes abordagens/teorias lingüísticas não podem ser confrontadas e julgadas em piores ou melhores, mas sim mescladas de forma em que uma complete e/ou enriqueça a outra.
Cremos que os estudos realizados pela autora são de extrema importância como referencia na literatura disponível em língua portuguesa. Estudantes de graduação e o público leitor, interessados nas questões referentes à aquisição da linguagem, se voltarão para esse texto aliviados com a possibilidade de terem uma iniciação mais que satisfatória ao tema.
A organizadora, Alessandra Del Ré é professora de Lingüística da Unesp, campus de Assis. Mestre e doutora em Lingüística pela USP, realizou parte de seu doutoramento da França, na Universidade René Descartes, o que demonstra sua competência no tratamento do tema.


Referência Bibliográfica

DEL RÉ, Alessandra [org.]. Aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006.


Maria Edileuda Araújo é aluna do Curso de Letras da UVA, em Sobral. Trabalho sob a orientação do professor Vicente Martins.

RESENHAS DE GERMANA COELHO DE S. MATOS SOBRE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM


TEORIAS SOBRE O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

GERMANA COELHO DA S. MATOS

O objetivo desta resenha é apresentar as diversas teorias à respeito da Aquisição da Linguagem infantil. Iremos de Skinner à Brunner, cada um com suas opiniões relacionadas ao processo de aprendizagem.
Logo no inicio de seu surgimento, a Aquisição da Linguagem estava ligada à psicologia e à Lingüística, por não ter objetivo e métodos próprios. Com o passar do tempo foi ganhando autonomia, através de questionamentos como: de que modo a criança aprende tão rapidamente a língua que dominará mais tarde? Hoje, a Aquisição da Linguagem é de interesse das ciências cognitivas e das teorias lingüísticas.
O Behaviorismo, com uma proposta empirista, acredita que a criança é uma tabula rasa, cujo conhecimento lingüístico só é adquirido através do estímulo-resposta (E-R) e da imitação, porem já que a mente não é fundamental para o processo de aquisição, então como explicar a criatividade infantil?
Já os Conexionistas, também com conhecimento empirista, incluem a criatividade e, portanto, o cérebro como parte integrante do processo de aprendizagem.
Com o surgimento do racionalismo, a mente passa a ser responsável pelo processo de aquisição e surge o Inatismo de Chomsky, que ao contrario do Behaviorismo de Skinner, acredita na capacidade nata do individuo, algo biologicamente determinada para que o homem nasça com a capacidade de falar; mas para que isso ocorra é necessário o contato com o meio e assim o inatismo seja estimulado.
Vygostsky serve de inspiração para o Interacionismo Social que propõe que a criança não seja apenas um aprendiz passivo, mas um sujeito que constrói seu conhecimento, onde o adulto e o contato com outras crianças têm papel fundamental. A mãe representa o principal contato da criança com o mundo e com a língua; a mãe fala e a criança interpreta e estabelece relações entre os significantes.

“(...) podemos dizer que o sociointeracionismo caracteriza-se pelo estudo do processo dialógico instaurado entre a mãe e a criança, no qual a primeira, sujeito construtivo da fala infantil, desempenha papel de mediadora entre a criança e os objetos.”
(DEL RÉ, Alessandra. 2006, p. 26)

Além de Vygostsky, Brunner também era adepto aos estudos relacionados à interação da criança com o meio social. Introduziu o papel das brincadeiras no processo de aprendizagem e de Aquisição da Linguagem.

“Para ele, as estruturas da ação e da atenção do homem se refletem nas estruturas lingüísticas e, à medida que a criança vai dominando gradualmente essas estruturas, a parte do processo de interpretação do qual o adulto participa, a linguagem vai sendo adquirida.”
(DEL RÉ, Alessandra. 2006, p. 23)

















BIBLIOGRAFIA

DEL RÉ, Alessandra. A pesquisa em aquisição da linguagem: teoria e pratica. In DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006.
ARGUMENTAÇÃO INFANTIL

GERMANA COELHO DA S. MATOS

Esta resenha tem por objetivo explicitar as diferentes abordagens relacionadas à argumentação infantil.
No modelo de Toulmin, temos a idéia de que a qualidade dos argumentos dependerá do contexto em que estes estão sendo produzidos; para se estabelecer a argumentação, é preciso, de antemão, apresentar um ponto de vista e a formação de uma justificativa.

“Caso a justificativa não se mostre de imediato aceitável, cabe ao argumentador promover novas informações que sirvam de apoio para a mesma.”
(LEITÃO, Selma e BANKS-LEITE, Luci. 2006, p. 47)

Pesquisas mostram que a criança só é capaz de argumentar, quando passa a entender o pensamento operacional-formal, por volta dos 10 ou 11 anos. Porém, outros resultados mostram crianças de 2 anos e meio que já são capazes de fazer justificações em situações naturais do cotidiano. Com 3 e 6 anos, alem de tomarem posições em determinados assuntos, também apresentam capacidade de refutar e discordar e acreditam que assim, possam ter um melhor resultado de argumentação.
Os trabalhos de alguns psicólogos da linguagem baseiam-se na abordagem teórico-metodológica de Bronckart, e consideram o discurso argumentativo como base para estudos aquisitivos.

“Bronckart considera os textos orais e escritos manifestações da atividade lingüística nos quais se encontram certas unidades a serem consideradas com traços de operações (...)”
(LEITÃO, Selma e BANKS-LEITE, Luci. 2006, p. 53)

Segundo essa linha de raciocínio, acredita-se também que com a idade há um aumento na capacidade de construção de um discurso ou de um texto, sendo assim, crianças pequenas, principalmente as que ainda não têm domínio sobre uma língua, não são capazes de argumentar.
Já no inicio da aquisição da linguagem, a criança apresenta indícios de argumentação através dos porque’s e dos morfemas então, senão... sendo assim, podemos considerar que a argumentação começa desde cedo e esta dentro da língua.

“Desde que a linguagem aparece, há argumentação.”
(LEITÃO, Selma e BANKS-LEITE, Luci. 2006, p. 57)



















BIBLIOGRAFIA

LEITÃO, Selma e BANKS-LEITE, Luci. Argumentação da linguagem infantil: algumas abordagens. In DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006. p. 45-61.

DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM ORAL E DA COMUNICAÇÃO
DAS CRIANÇAS

GERMANA COELHO DA S. MATOS

A autora Christiane Préneron, no capítulo que trata dos distúrbios da linguagem oral e da comunicação na criança, diz que a maioria das crianças desenvolve-se normalmente, e apenas 7% a 8% apresentam distúrbios na linguagem, porem esses distúrbios não devem ser encarados como uma deficiência irreversível e sim, como um desvio para alguma outra dimensão, que poderá ser tratado. Esse desvio, muitas vezes, poderá se caracterizar por um simples atraso na fala, sendo somente na fala, pois o entendimento e a compreensão apresentarão apenas algumas lacunas. Comumente, esses atrasos tendem a desaparecer no momento da entrada da criança na escola. Há também outros tipos de distúrbios não tão simples, como explica a autora:

“Em todos os outros casos (cerca de 1% das crianças), trata-se de distúrbios visivelmente mais importantes e, portanto, mais graves, que se caracterizam não somente por um atraso nas aquisições, mas, sobretudo, por desvios que são duradouros (...)” (p. 64)

O diagnóstico desse outros tipos de desvios não é muito fácil de ser feito, muitas vezes sendo associados a certos retardamentos mentais ou a certas perturbações psicoafetivas severas. Para melhor poder classificá-la, dividiremos em duas vertentes. A primeira será a vertente receptiva: déficit gnósico ou de compreensão. No déficit gnósico, a criança apresenta boa audição, porem não consegue decodificar as informações sonoras, não possui uma boa percepção. Já os déficits de compreensão são puramente lingüísticos e só pode ser evidenciado através de testes.
A segunda será a vertente expressiva, na qual encontramos os distúrbios da articulação ou dislalias em que a criança apresenta uma ma realização dos sons da linguagem; os distúrbios fonológicos, onde tem-se uma linguagem nos sons dos fonemas.

“(...) uma mesma consoante, por exemplo, o ‘ch’, será objeto de uma substituição e, para uma mesma criança, ‘chaise’ será pronunciada ‘saise’ ou ‘saije’, mas o ‘ch’ será produzido corretamente em ‘chat’ e ‘choux’ e as silabas ‘chai’ ou ‘cho’ serão repetidas também corretamente.” (p. 67)

Entre os distúrbios prosódicos (da prosódia), encontraremos os de fluência verbal, como é o caso do gaguejamento que, segundo Van Riper “é uma palavra que é mal organizada temporariamente, assim com a reação do locutor após a emissão dessa palavra”. Já Amina Bensalah, diz que o gaguejamento é o resultado de vários gaguejos. Um deles aparece conforme o crescimento e o desenvolvimento da criança, por motivos emocionais ou de grande desejo de se comunicar (4 a 6 anos). O outro seria derivado de traumatismos e lesões cerebrais. Os franceses acreditam que os gaguejos são mais freqüentes entre os meninos.
O mais freqüente de todos os distúrbios é a síndrome fonológico-sintática em que a criança produz enunciados de mais de uma oração e apresentam de maneira reduzida os morfemas gramaticais. A síndrome sintático-pragmática é a única em que a sintaxe é desestruturada; a criança apresenta uma linguagem limitada e não consegue responder a questões abertas.
Agora, vejamos a opinião de Chritophe Löic Gerard, sobre as disfasias:

“Não se trata somente de um déficit quantificável desta ou daquela dimensão ou linguageira, mas também um sofrimento que acompanha o individuo ao longo de sua vida e que se exprime diferentemente a cada idade.” (p.81)

Por isso, devemos não excluir a criança com distúrbios ou desvios, mas sim nos aprofundarmos no assunto, para ajudá-la no seu inserimento na sociedade com pessoas capazes.

BIBLIOGRAFIA

PRÉNERON, Christiane. Distúrbios da linguagem oral e da comunicação das crianças. In DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006. pp. 63-83.



GERMANA COELHO DA S. MATOS é aluna do Curso de Letras da UVA, em Sobral. Atividade docente sob a orientação do professor Vicente Martins.